Sistema Cardiovascular: Lipemia

O colesterol é substrato para a síntese de hormônios esteróides, importante para a estabilidade da membrana celular. Porém, em níveis elevados, acarreta efeitos indesejáveis, como a aterosclerose. VLDL, LDL e HDL são lipoproteínas formadas por lipídeos e proteínas. As lipoproteínas são formadas por fosfolipídeos, que possuem uma cabeça hidrofílica e uma hidrofóbica, organizando-se em microesferas, denominadas micelas. No interior dessa estrutura, há ésteres de colesteril e, entre os fosfolipídeos, há APO proteínas. Observe a figura abaixo:



Colesterol total (CT): 
  • VLDL: diâmetro de, aproximadamente, 30 mm. É pró-inflamatório.
  • LDL: diâmetro de, aproximadamente, 10 a 20 mm. É pró-inflamatório.
  • HDL: diâmetro de, aproximadamente, 5 mm. É anti-inflamatório.
  • TAG. 
  • CT/HDL. 
Se o conteúdo de gordura no núcleo da lipoproteína aumentar, seu diâmetro aumenta e a relação massa/volume diminui, diminuindo sua densidade. De 10 a 12 horas de jejum, espera-se encontrar os seguintes valores: 
  • Colesterol total = 160 a 200 mg/dl.
  • VLDL= 20 mg/dl (quanto menos, melhor).
  • LDL= 120 mg/dl HDL= 40 mg/dl (quanto mais, melhor).
  • TAG= 120 mg/dl CT/HDL= 4 (ideal).
Essas medidas não são realistas, pois não fazemos jejuns tão longos no cotidiano. Passamos a maior parte do dia em condição de pós-prandiais (após a refeição). O pico de lipídeos circulantes é atingido em torno de 4 horas depois da refeição, conforme o gráfico abaixo.



O gráfico mostra que os indivíduos que possuem doença arterial coronariana (DAC) tinham um nível de TAG inicial mais elevado e uma resposta lipêmica mais severa do que o grupo controle. Após uma refeição rica em gordura, os níveis continuaram mais altos, de forma que os lipídios circulantes eram mantidos por mais tempo na corrente sanguínea, o que danifica o vaso, aumentando o estresse oxidativo e os marcadores inflamatórios e diminuindo a capacidade vasodilatadora e aumentando a circulação de agentes imunológicos (monócitos, linfócitos T).

Para manejar de melhor forma os lipídios na corrente sanguínea, podem-se utilizar medicamentos como as estatinas - que bloqueiam a síntese do colesterol-, dieta e exercício físico.

Com a realização de uma sessão de exercício físico antes da refeição, os TAGs já iniciam com seu nível diminuído e tem uma diminuição de seu pico, ou seja, há menos lipídios circulantes, comparado a uma situação sem exercício. 

Em uma situação de restrição calórica, em que o gasto calórico do exercício foi subtraído da refeição (refeição de 500 kcal – 200 kcal gastas no exercício = refeição de 300 kcal), sendo ingerida uma refeição com restrição calórica sem realizar exercício físico, a curva lipêmica pós-prandial ainda foi menor do que no grupo controle, porém mais alta do que a curva com com exercício. Ou seja, o gasto calórico do exercício afeta a curva lipêmica, mas o exercício promove maior remoção de lipídios, por ajustes metabólicos. Observe o gráfico abaixo:



Em outro estudo, foram realizados 3 experimentos, cada um com duração de 4 dias:
No primeiro, os indivíduos realizaram apenas controles nutricionais e coletas de sangue. No segundo experimento, realizaram uma sessão de exercício físico no terceiro dia. E, no terceiro experimento, realizaram uma sessão de exercício em cada um dos três primeiros dias, conforme a imagem abaixo:



O exercício físico realizado na véspera do experimento causou uma queda significativa da curva lipêmica pós-prandial. Já com uma sessão e três sessões de exercício, não houve mudança na curva lipêmica, o que mostra que a remoção de gordura responde ao exercício de véspera, tendo efeito subagudo (de pouco tempo atrás), residual do exercício. Observe o seguinte gráfico:



Diferença da resposta lipêmica entre obesos e eutróficos com diferentes genótipos da UCP 

A UCP é uma proteína desacopladora mitocondrial, relacionada com o processo termogênico. Quando essa proteína está mais ativa, há tendência para a perda de peso e diminuição dos lipídios circulantes. E, quando a UCP está menos ativa, há uma resposta contrária, havendo tendência para ganho de peso e aumento de lipídios na corrente sanguínea. 

Na população, existem três tipos de genótipos da UCP: AA, AG e GG, com os dois últimos tendo um maior risco cardiovascular. Em um estudo com obesos e eutróficos de genótipos AA e AG, foram realizadas coletas de sangue no jejum, logo após o café da manhã, outra coleta após 2 horas, e a última após a realização de 50 min de exercício físico, na primeira situação, ou após um período sem realizar exercício, na segunda situação. Observe, nos gráficos abaixo, as respostas lipêmicas dos indivíduos eutróficos AA, eutróficos AG, obesos AA e obesos AG.





Tal estudo demonstrou que o exercício não removeu TAG no obeso AG, pois a UCP acarreta problema de consumo de lipídios. 

Pressão arterial durante exercício físico

Durante o exercício dinâmico, com o aumento da carga de trabalho, a pressão arterial sistólica aumenta pelo aumento do retorno venoso, do efeito Frank Starling e do volume sistólico. Já a pressão arterial diastólica se mantém constante ou tem uma leve queda, devido à vasodilatação. Se a PAD aumentar durante o exercício, é problemático, caracterizando uma resposta hipertensiva ao exercício. Observe o gráfico abaixo:



Durante a realização de exercício estático, a PAS também aumenta pelo aumento do retorno venoso. E, diferente do que ocorre no exercício dinâmico, a PAD aumenta, pois a musculatura comprime os vasos, de forma que a vasodilatação não tenha efeito, conforme demonstra o seguinte gráfico:



Pressão arterial média

A pressão arterial média é calculada pela seguinte fórmula: PAM =   PAS + 2PAD  
                                                                                                                                                   3

Durante um exercício de força, a PAM tem a seguinte resposta (resposta aguda): 


A partir de determinada repetição do exercício, o músculo começa a entrar em fadiga e o recrutamento de fibras aumenta, comprimindo mais os vasos sanguíneos e aumentando mais a pressão arterial, pelo aumento da resistência vascular periférica. Para evitar o aumento exacerbado de PA, não deve-se realizar o exercício até atingir a falha mecânica.

Resposta subaguda da PAM ao exercício de força:

Após a realização do exercício, a PAM se mantém mais baixa do que estava no repouso antes do exercício, voltando ao nível normal horas depois. Essa hipotensão ocorre devido à vasodilatação que ocorreu no exercício, mas que foi superada pela contração muscular durante sua realização.
                                                                                                                                                   

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