Sistema Respiratório: Mecânica Respiratória

Os pulmões são envoltos por pleuras: pleura visceral -  que envolve o pulmão - e pleura parietal, entre as quais há líquido pleural. A pressão pleural tem valor em torno de -4mmHg. 

Inspiração 

Contração do diafragma, do intercostal externo e do esternocleidomastoideo, tracionando as costelas, aumentando o diâmetro longitudinal, transversal e ântero-posterior do tórax. 
    • Pressão pleural: diminui. 
    • Pressão alveolar: diminui pela expansão do tórax. 
    • Volume pulmonar: aumenta pela entrada de ar. 

Expiração

Passiva: relaxamento da musculatura inspiratória. 
Ativa: contração da musculatura expiratória. 

    • Pressão pleural: aumenta. 
    • Pressão alveolar: aumenta (supera a pressão atmosférica) e diminui pela saída de ar.
    • Volume pulmonar: diminui.


Volumes Respiratórios



  • VAC (volume de ar corrente): volume de ar movimentado a cada inspiração e expiração normal. Tem valor aproximado de 500 ml. 
   • VRI (volume de reserva inspiratório): volume de ar inspirado além do VAC. 
   • VRE (volume de reserva expiratório): volume de ar expirado além do VAC. 
   • CV (capacidade vital): VAC + VRI + VRE.
   • VAR (volume de ar residual): permanece no espaço morto, mesmo após a expiração total. 
   • CPT (capacidade pulmonar total): CV + VAR. 

Espaço morto 

• Anatômico: vias áreas superiores, onde não há hematose e é uma área semi-rígida. 
• Fisiológico: nos alvéolos, onde ainda permanece ar após a expiração forçada total. Esse ar só é eliminado em caso de perfuração pleural (pneumotórax), pois o pulmão irá colaborar devido ao aumento da pressão pleural, pela entrada de ar atmosférica. 

Doenças que provocam fibrose alveolar, como mucoviscidose (fibrose cística), levam à perda da complacência pulmonar (diminuição da capacidade elástica do alvéolo).  Na DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) também há fibrose alveolar progressiva. Há diminuição do VRI.

Na asma, ocorre bronquioespasmo pela contração da musculatura lisa brônquica, por uma reação hiperalérgica, aumentado a resistência expiratória. Há aumento do VAR, gerando um quadro de hiperinsuflação, aumentando a pressão alveolar. 

Sistema respiratório e o desempenho aeróbio

Análise de correlação entre a capacidade vital (L) e o VO2 máximo (L/min):



Nesse caso, ocorre acoplamento matemático, devido à correlação de duas variáveis que dependem de uma mesma terceira variável: a capacidade vital e o VO2  máximo dependem da massa do indivíduoNo gráfico acima, o VO2 máximo é medido em unidade absoluta, que não considera a massa. A capacidade vital é uma variável anatômica, uma vez que depende do tamanho da caixa torácica.

Análise de correlação entre a capacidade vital (L) e o VO2 máximo (ml.kg-1.min-1):



No gráfico, não há correlação entre as variáveis. O VO2 é relativizado pela massa do indivíduo, avaliando o desempenho aeróbio de forma mais adequada, sendo utilizada para a avaliação de atletas.


VEF1volume expiratório forçado em 1 segundo. Representa a liberdade com que o ar deixa o sistema respiratório com a potência expiratória máxima. É diminuído em indivíduos com doença respiratória obstrutiva, conforme o gráfico abaixo.


  VEF1       Relação > 0,7: normal (expira, em 1 segundo, pelo menos 70% da CV)
   CV          Relação < 0,7: doença respiratória obstrutiva. 

Agentes alergênicos são aqueles que  irritam a mucosa brônquica, como, por exemplo, ar frio, ar seco, poeira, pólen, ácaros, pelos de animais, mofo, agentes químicos, ozônio. 

mucosa brônquica tem células ciliadas produtoras de muco, que se deposita sobre os cílios. Os agentes alergênicos agridem a mucosa brônquica, estimulando a produção de estamina por mastócitos. A histamina age sobre a musculatura lisa brônquica, levando a sua contração, diminuindo a luz dos brônquios. 

Na hiperreação alérgica, corre bronquioespasmo e aumento da resistência aérea, de forma que o ar saia em alta velocidade, mas em pequena quantidade, gerando sibilo asmático e diminuição do VEF1  caracterizando uma doença respiratória obstrutiva, como a asma. 

Relação da asma com exercício 

AIE (asma induzida por exercício) ou BIE (bronquioespasmo induzido por exercício) ocorre pelo aumento da ventilação e do impacto dos agentes alergênicos. O exercício submete o indivíduo a um ambiente alergênico, de forma que desenvolva resistência a esses agentes. Assim, o exercício é benéfico no tratamento de asmáticos. 

Uma crise de asma não corre logo após outra, porque os receptores HT1 (receptores de histamina) sofrem down regulation após estimulados, mantendo um período refratário, que dura de 1 a 2 horas. 

Vantagens da natação para asmáticos
  • Posição horizontal facilita o movimento costal; 
  • Necessita de controle respiratório; 
  • Expiração é feita embaixo d'água, contra a resistência, treinando a musculatura expiratória e a mucosa brônquica para a passagem do ar sob pressão; 
  • Não há presença dos principais agentes alergênicos, evitando crises de asma.

Fumo 

As substâncias presentes no cigarro sofrem destilação (aquecimento, vaporização e resfriamento). 

Os cílios da mucosa das vias respiratórias, da glote para cima, batem para baixo e, da glote para baixo, batem para cima, mobilizando o muco (com fases particuladas aderidas nele) em direção ao esôfago. Esses cílios são paralisados pela nicotina presente no cigarro, por 1 a 2h. Assim, como a produção de muco não cessa, a acamada de muco se espessa, diminuindo a luz brônquica. Com a frequente agressão, estes cílios são destruídos. 

O cigarro afeta 30% mais quem respira a fumaça do que o próprio fumante, pois o indivíduo que inala a fumaça não tem o filtro do cigarro. 

alcatrão, por sua vez, se deposita nos septos interalveolares, e os destrói, fazendo com que os alvéolos se unam e se tornem maiores, diminuindo a superfície de troca gasosa e a capacidade de armazenamento de ar, constituindo enfisema pulmonar, relacionado com DPOC. Portanto, todo fumante é enfisematoso.


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